Ex-diretor da PRF depôs nesta quinta-feira na sede da Polícia Federal, um dia após sua prisão em Santa Catarina; ele negou ter comandado bloqueios para prejudicar Lula no segundo turno
A defesa do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques disse que não foi oferecido ao seu cliente o acordo de delação premiada, mas que ele não a aceitaria de qualquer maneira.
” Isso é para criminoso, ele é herói nacional”, declarou o advogado Eduardo Nostrami ao repórter André Anelli, da Jovem Pan News. O defensor planeja entrar em breve com um requerimento para revogar a prisão preventiva. Segundo ele, Silvinei negou ter mobilizado o aparato da PRF para prejudicar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o segundo turno das eleições, em 30 de outubro do ano passado. “Foge à lógica, é como assaltar um banco com mil pessoas”, comparou Nostramini. Ele assegura que a inocência de Silvinei ficará comprovada assim que os documentos sobre a operação rodoviária para as eleições forem analisados.Silvine Vasques depôs nesta quinta-feira, 10, à Polícia Federal, um dia depois de ter sido preso em operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é suspeito de ter comandado operação rodoviária no dia das eleições para prejudicar a candidatura de Lula. Em 30 de outubro do ano passado, data do segundo turno, a Polícia Rodoviária realizou diversos bloqueios de trânsito em todo o Brasil, mas principalmente no Norte e no Nordeste, onde, de acordo com as pesquisas, o petista tinha vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL). À PF, Vasques negou que tenha agido para prejudicar Lula. Segundo ele, a intenção das blitze da PRF era coibir a compra de votos. As reuniões com policiais, segundo a defesa, foram naturais, realizdas para cumprir o que a legislação exige. “Não é porque é dia de eleição que o sujeito pode andar com droga. Não dá liberdade para praticar crime”, declarou Nostramini.
O depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília, durou mais de duas horas. Silvinei chegou ao Distrito Federal ontem, após ser preso em Florianópolis no âmbito da Operação Constituição Cidadã. A PF deflagrou a investigação após denúncia de Clébson Vieira, ex-analista de inteligência do Ministério da Justiça. Ele estranhou o pedido de levantamento dos locais onde Lula havia conquistado votação expressiva no primeiro turno. Após a oitiva, o ex-diretor da PRF seguiu para a Papuda, onde cumprirá prisão preventiva. Moraes justificou em sua decisão que Silvinei ainda exerce grande influência sobre os agentes da PRF e, por isso, deve permanecer detido. Nesta quinta, Lucas Furtado, subprocurador-geral do Ministério Público Federal, pediu a suspensão da aposentadoria de Vasques. Segundo o MPF, ele solicitou o benefício em dezembro, quando já corriam contra ele diversos processos administrativos.
Por Jovem Pan