No sábado, dia 8 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), partiu para Letícia, na Colômbia, para participar do encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, um evento organizado pelo governo colombiano. Essa viagem faz parte da sua nova agenda internacional.
Com essa visita à Colômbia, Lula já contabiliza 13 países visitados desde o início deste ano. Essa quantidade já supera o número de países visitados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) durante todo o primeiro ano do seu mandato, que foi de 10 países. Vale ressaltar que, considerando apenas os seis primeiros meses do governo anterior, Bolsonaro visitou apenas seis países.
Ao contrário do isolamento adotado por Bolsonaro, Lula tem se dedicado à diplomacia presidencial para restabelecer laços com aliados estratégicos e recuperar a posição de destaque do país em questões como meio ambiente e direitos humanos.
Carlos Bandeira, cientista político, observa que nos primeiros seis meses e meio, a diplomacia brasileira concentrou-se em reconectar-se com parceiros que estiveram distantes nos últimos quatro anos. Além disso, reposicionou-se em relação a temas importantes para a agenda diplomática do país, que estavam sendo tratados de maneira contrária à posição tradicional brasileira.
Lula tem dado prioridade à Europa e às Américas. Desde janeiro até julho deste ano, ele visitou Portugal, Espanha, Reino Unido, Itália, Vaticano e França na Europa. Além disso, visitou Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Colômbia nas Américas, e China, Emirados Árabes Unidos e Japão na Ásia.
O número de agendas nos continentes europeu e americano contrasta com os esforços do governo brasileiro em avançar na articulação de um acordo comercial entre o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a União Europeia (27 países).
As negociações desse acordo foram concluídas em 28 de junho de 2019. No entanto, para que o tratado entre em vigor, é necessário que ele seja revisado e ratificado pelos congressos nacionais dos países do Mercosul e pelo Parlamento Europeu.
Existem divergências entre os membros do Mercosul e da União Europeia em relação ao acordo. Um dos pontos de conflito diz respeito à questão ambiental, liderada pela França.
O Parlamento francês exige que os agricultores da América do Sul sigam as mesmas normas sanitárias e ambientais da Europa e solicita que seja incluída uma cláusula para suspender o acordo caso o Mercosul não cumpra o Acordo de Paris.
Internamente, o governo brasileiro tem elaborado um documento com respostas às demandas ambientais. Recentemente, Lula afirmou que os termos apresentados pela UE ao Mercosul para a ratificação do acordo de livre comércio são inaceitáveis.
A visita de Lula à Colômbia atende a um pedido do presidente Gustavo Petro para que o Brasil participe do encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia. Além da participação na cúpula, Lula terá uma reunião bilateral com Petro, focando em comércio, investimentos, cooperação em defesa e segurança.
Durante a visita, a delegação brasileira participou das negociações da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) sobre a declaração conjunta a ser adotada na Cúpula da Amazônia, que ocorrerá em Belém (PA) no próximo mês.
De acordo com o Palácio do Planalto, o documento incluirá uma ambiciosa agenda regional em prol do desenvolvimento sustentável da Amazônia, proteção do bioma amazônico, inclusão social, promoção da ciência, tecnologia e inovação, estímulo à bioeconomia e valorização dos povos indígenas e seus conhecimentos tradicionais.
A Colômbia é o quarto maior parceiro comercial do Brasil na América Latina, ficando atrás apenas de Argentina, Chile e México. No ano passado, as trocas comerciais entre os dois países somaram US$ 7,4 bilhões.
Cerca de 80% das exportações brasileiras para a Colômbia foram compostas por manufaturados e semimanufaturados, como veículos, produtos automotivos, milho, café, papel/celulose, produtos químicos e farelo de soja. As importações da Colômbia para o Brasil concentraram-se em carvão e produtos químicos.