Gotabaya Rajapksa partiu para as Maldivas antes de renunciar
O Sri Lanka, país asiático que fica no Oceano Índico, entrou em estado de emergência em todo o território na madrugada desta quarta-feira, 13, depois que o presidente, Gotabaya Rajapksa, fugiu do país em um avião militar, com destino às Maldivas. Ele estava sendo pressionado para deixar o cargo, por uma série de protestos contra a pior crise econômica da ilha em décadas, que causou escassez de alimentos, de energia e de combustíveis.
O cargo de presidente interino vai para o primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe. Além de ter declarado estado de emergência em todo o país, o novo governante impôs toque de recolher, para conter as manifestações de indignação à fuga de Gotabaya Rajapksa.
A posse de um aliado do presidente do Sri Lanka enfureceu a população. Em resposta, manifestantes cercaram a casa do primeiro-ministro e invadiram uma transmissão ao vivo da TV estatal do país, Rupavahini. “Os manifestantes não têm motivos para invadir o gabinete do primeiro-ministro”, afirmou Ranil Wickremesinghe, em comunicado. “Eles querem parar o processo parlamentar. Mas devemos respeitar a Constituição.”
A polícia disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Os assessores do novo presidente interino se recusaram a revelar seu paradeiro, com o objetivo de protegê-lo. No dia 9 de julho, grupos invadiram a residência oficial do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe. Eles alegaram que não ficarão satisfeitos até que ambos os líderes renunciem formalmente.
Entenda a crise
O Sri Lanka sofre sua pior crise econômica em sete décadas, com reservas cambiais em baixa recorde. Com 22 milhões de habitantes, o país luta para pagar importações essenciais de alimentos, remédios e, mais criticamente, combustível.
Em 2020, a economia interna do Sri Lanka regrediu 3,6%, em relação ao ano anterior. Em 2021 e 2022, o FMI registrou taxa de inflação de 12% e 17%, respectivamente. Já em abril, o governo declarou a moratória dos pagamentos da dívida externa, avaliada em US$ 51 bilhões. O Estado cingalês tem uma dívida estimada em US$ 7 bilhões, com vencimento para este ano, segundo o FMI.
A baixa reserva de dólares (cerca de US$ 2,3 bilhões) impossibilitou o governo de pagar por importações essenciais, incluindo combustível. Com o turismo prejudicado pela pandemia, o Sri Lanka tem buscado a ajuda do FMI para sobreviver.