Caso Henry Borel: discussões entre advogados e juíza marcam audiência

Cláudio Dalledone precisou ser contido 
Foto: Marcos Porto/Agência O Dia/Estadão

Em razão dos ânimos exaltados, policiais militares e seguranças tiveram de intervir

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) foi palco de discussões nesta quarta-feira, 1º, durante o interrogatório do perito Leonardo Huber Tauil, que assinou o laudo da morte do menino Henry Borel. O advogado Cláudio Dalledone, que defende Jairo Santos Souza Júnior, o Doutor Jairinho; e o assistente de acusação Cristiano Medina da Rocha, que representa Leniel Borel (pai do garoto), se desentenderam em diversos momentos.

O primeiro mal-estar ocorreu quando Cristiano Rocha questionou a falta de objetividade de Dalledone ao interrogar Tauil. “Baixe o tom para falar comigo”, retrucou o advogado de Jairinho. “Falo como quiser”, rebateu o assistente de acusação. A temperatura voltou a subir na sequência, e os policiais militares e os seguranças do plenário do II Tribunal do Júri precisaram intervir.

No fim da manhã, foi a vez de Dalledone questionar um comentário que a promotora Bianca Chagas havia feito com a juíza Elizabeth Machado Louro. Ele foi rejeitado pela magistrada. “Se fosse algo importante, a defesa de Jairinho seria comunicada”, afirmou.

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Depois de protestos do assistente de acusação, a juíza indagou o perito. “O Henry poderia ter batido a cabeça três vezes no chão, fruto de uma queda?”, perguntou Elizabeth. “É extremamente improvável”, respondeu Tauil. “Só se fosse uma bola de vôlei e ficasse quicando”, comentou a magistrada.

Isso provocou a intervenção do advogado de Jairinho. “Excelência, pela ordem. A senhora não pode tecer esse tipo de comentário”, disse Dalledone. “Posso, sim”, replicou a advogada. “Estou no uso das minhas prerrogativas; estou presidindo o ato e posso fazer a pergunta que quiser.”

A discussão continuou. “Vou pedir a suspeição de vossa excelência”, rebateu Dalledone. “Se o senhor continuar, sairá daqui”, advertiu a juíza. “Vai me prender?”, perguntou Dalledone. “Não! Vou colocar o senhor para fora do plenário”, respondeu a magistrada.

Depois desse momento de agitação, às 15h10, a juíza encerrou a sessão para o almoço. A audiência foi retomada na sequência.

Argumentação

Tauil, perito do Instituto Médico Legal (IML), sustentou que a principal hipótese para a morte de Henry são agressões físicas. Ele disse ser difícil afirmar que as lesões são compatíveis com a de alguém que caiu de uma cama. “O traumatismo abdominal foi de alta energia”, explicou Tauil. “Nos livros de abuso infantil, quedas baixas são fáceis de causar essas lesões. Afirmo que o trauma abdominal foi de alta energia, incompatível com a queda da cama.”

O caso

Henry morreu em 8 de março de 2021, em um apartamento na Barra da Tijuca (RJ). Ele morava com a mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, Jairinho.

O laudo de necropsia do IML mostrou que o garoto sofreu 23 ferimentos pelo corpo. A causa da morte teria sido hemorragia interna e laceração hepática (uma “explosão” da estrutura do fígado, que implica sangramento). A criança sofreu lesões hemorrágicas na cabeça e no nariz. Também foram verificados hematomas no punho e no abdômen, além de contusões no rim e nos pulmões.

Em 13 de junho, um interrogatório de Jairinho será realizado. A pedido da defesa, Monique foi dispensada. A juíza ainda decidirá se os dois vão a júri popular.

Redação Oeste

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