Segundo o deputado Gerardo Milman, o objetivo da proposta é combater a inflação
O deputado Gerardo Milman, que pertence à coalizão Juntos por el Cambio, o principal grupo de oposição ao governo do presidente da Argentina, Alberto Fernández, apresentou um projeto de lei para retirar dois zeros do peso, a moeda do país, em meio ao cenário de alta inflação.
“Diante de um governo que não tem um plano anti-inflacionário, pelo menos evitaremos importar papel-moeda e não traremos às pessoas o desconforto de ter de carregar uma enorme quantidade de cédulas para pagar por coisas mínimas”, afirmou o parlamentar, em entrevista concedida nesta segunda-feira, 30, à rádio La Redonda.
O plano de Milman estabelece que as notas de 100 pesos argentinos, por exemplo, passariam a circular com o valor de 1 peso. Ele diz que, atualmente, a nota de 100 pesos é “suficiente para pagar uma gorjeta”. A nota de 1.000 pesos, por sua vez, circularia com valor de 10 pesos.
Para Marina Helena Santos, ex-diretora de Desestatização do Ministério da Economia e CEO do Instituto Millenium, a proposta do deputado argentino não é eficaz para combater a inflação. “É preciso aumentar a oferta [produção] ou diminuir a demanda [consumo]”, explicou. “O peso continuará com o mesmo poder de compra. O ideal é reduzir estímulos monetários e fiscais.”
A economista diz ainda que a inflação é uma espécie de “doença” da moeda. Isso ocorre quando as pessoas perdem a confiança no dinheiro de determinado país. “Esse é o caso da Argentina”, observou. “Há políticas de estímulo, tanto monetárias quanto fiscais, que provocam o aumento da oferta. E os cidadãos passam a duvidar do poder de compra da moeda.”
A proposta foi apresentada poucos dias depois de o governo anunciar os planos para renovar a família de cédulas do peso argentino, que entrará em circulação em seis meses. As notas devem estampar a figura de heróis e personalidades da história argentina, em substituição aos animais nativos do país, que haviam sido incorporados em 2016.