Reino Unido começa a alojar migrantes ilegais nas polêmicas barcas associadas como ‘prisão flutuante’

Barcaça de acomodação Bibby Stockholm (E) é retratada
atracada no cais do porto de Portland, em Portland, na costa
sudoeste da Inglaterra, em 7 de agosto de 2023. Ben Stansall / AFP

Embarcação deverá receber 500 migrantes entre 18 e 65 anos por tempo indeterminado; primeiro grupo entrou nesta segunda-feira

Embarcou no Bibby Stockholm, nesta segunda-feira, 7, o primeiro grupo de solicitantes de asilo no Reino Unido. De início, foram 50 pessoas, mas a embarcação deverá receber 500 migrantes entre 18 e 65 anos por tempo indeterminado. Ela foi modificada para instalar 22 cabines e é um projeto altamente polêmico criado pelo atual governo para combater a imigração, e ficará ancorado no sudoeste da Inglaterra. Os primeiros migrantes deveriam chegar na semana passada, mas sua instalação foi adiada à espera das inspeções por parte dos bombeiros para descartar riscos de incêndio. Com dificuldades nas pesquisas a um ano das próximas eleições legislativas, o primeiro-ministro britânico, o conservador Rishi Sunak, priorizou “parar as embarcações” que atravessam o Canal da Mancha ilegalmente e vem aumentando suas iniciativas nesse sentido nos últimos dias. Uma delas consiste em instalar os solicitantes de asilo em barcas atracadas nos portos. O objetivo é economizar recursos na recepção dos migrantes, como os gastos com hospedagem, ao mesmo tempo, em que se tenta dissuadi-los de pedir asilo.

Em Portland – único porto a aceitar a instalação dessas barcas -, o projeto causou polêmica e irritou moradores que temem por sua segurança. Outros denunciam que se trata de uma “prisão flutuante” ao lado dessa localidade de 13 mil habitantes. Nesta segunda, a ONG de defesa de migrantes Care4Calais denunciou um sistema “cruel” e “desumano”, ressaltando que alguns requerentes de asilo “sobreviveram à tortura e à escravidão moderna e tiveram experiências traumáticas no mar”. O sistema de asilo do Reino Unido está sobrecarregado com pedidos de asilo, e mais de 130 mil casos continuam sendo avaliados. Alguns remontam há até seis meses, de acordo com dados do governo. Mais de 45 mil migrantes tentaram cruzar o canal em 2022 e, desde o início deste ano, esse número chega a 15 mil. Quem atravessa não tem direito a pedir asilo, de acordo com uma nova lei que entrou em vigor em julho. A lei prevê que os migrantes sejam deportados para países terceiros, como Ruanda, medida que está, atualmente, bloqueada pelos tribunais.

Por Jovem Pan

*Com informações da AFP

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