Previsões indicam que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em agosto resultará em uma redução de 0,25% na Taxa Selic. Marcos Santos/USP Imagens
De acordo com especialistas consultados pelo site da Jovem Pan, há um consenso em relação à necessidade de "cautela" e "parcimônia" na condução da política monetária. No entanto, eles projetam um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No mês de junho, o Brasil registrou uma deflação de 0,08%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, dia 11. Esse resultado levou a uma inflação acumulada de 3,16% nos últimos 12 meses, uma queda significativa em comparação com os 11,89% registrados um ano antes. Embora não seja provável que a deflação se mantenha nos próximos meses no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), essa queda em junho pode contribuir para o início de um ciclo de redução da taxa de juros a partir de agosto, durante a próxima reunião do Copom. Os analistas ouvidos pelo site da Jovem Pan acreditam que, mesmo com algumas expectativas do mercado financeiro sugerindo um corte de 0,5 ponto percentual, o Banco Central optará por uma redução de 0,25 ponto percentual.
Segundo Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, as expectativas do mercado estavam ancoradas em uma queda maior, estimada em 0,1%. No entanto, com a deflação abaixo desse valor, ele acredita que o Copom reduzirá a taxa em 0,25% na próxima reunião e gradualmente a diminuirá até atingir 12% no final do ano. Mota destaca que o mercado continua indicando, com base nas curvas de juros e nos dados disponíveis, que haverá um corte nas taxas de juros na próxima reunião, mas algumas expectativas eram de um ajuste mais forte nessa primeira reunião.
Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, acredita que a redução da Selic ocorrerá no momento adequado, demonstrando um acerto por parte das autoridades financeiras do país. Ele destaca o bom trabalho realizado pelo Banco Central e a constatação positiva da deflação. Isso proporciona margem para que o Copom inicie um ciclo de redução da taxa de juros nas próximas reuniões.
Apesar desse cenário positivo, a economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, faz uma ressalva e afirma que o Banco Central deve adotar uma abordagem cautelosa e prudente na redução da taxa de juros, devido ao fato de o IPCA ter ficado abaixo das expectativas. Ela chama a atenção para a inflação de serviços, destacando que o índice de serviços no IPCA registrou uma variação de 0,62%, acima da projeção de 0,55%. Além disso, o grupo de serviços subjacentes também superou as expectativas, com uma variação de 0,67% em comparação com a expectativa de 0,53%. Embora esses números ainda indiquem desaceleração nos últimos 12 meses, a surpresa em relação às expectativas e a aceleração desses números em relação ao mês anterior sugerem a necessidade de cautela na condução da política monetária. Segundo Marcela Rocha, a inflação deve desacelerar e se manter mais controlada do que se imaginava, mas os números dos serviços acima do esperado e a sua aceleração em relação ao mês anterior indicam a importância de adotar uma abordagem cautelosa na condução da política monetária.