Posse de Lula inclui críticas ao governo Bolsonaro e omite erros do passado

Cerimônia para assinatura do termo de posse de Lula
 na presidência da República – 01/01/2023
Foto: Reprodução/Agência Senado

Durante o discurso, o petista afirmou que vai revogar o Teto de Gastos e a flexibilização da posse de armas

Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como presidente da República na tarde deste domingo, 1º. Mesmo voltando ao poder depois de uma eleição acirrada, optou por fazer um discurso atacando o governo anterior.

Sem citar um único avanço conquistado na gestão de Jair Bolsonaro, Lula disse que irá revogar o teto de gastos e os decretos que flexibilizaram a posse de armas de fogo no país, aos quais classificou como criminosos. O petista conseguiu enxergar adversários que se inspiraram no fascismo e prometeu castigá-los com “a lei e suas mais duras consequências”. No discurso, elogiou a conduta do Supremo Tribunal Federal e a Justiça Eleitoral.

O político ainda citou o relatório feito pelo Gabinete de Transição. O documento omite, por exemplo, a retomada do crescimento econômico no país e o arrefecimento da inflação antes mesmo das eleições de 2022.

Omissão do passado

Ele também escondeu os erros cometidos em seus mandatos anteriores na Presidência e nos da sucessora que indicou: Dilma Rousseff. Entre outros escândalos, as gestões petistas foram marcadas pelo Mensalão e pelo Petrolão, o maior esquema de corrupção da história do Brasil.

Os desdobramentos das investigações do Petrolão levaram à prisão de Lula em 2018, tornando-o inelegível. O petista pôde concorrer novamente à Presidência apenas depois de o STF suspender as penas aplicadas nas condenações.

No apagar das luzes do governo Dilma, o Brasil enfrentava uma crise econômica, política e moral sem precedentes. A herança maldita petista deixou como legado milhões de desempregados, descontrole dos gastos e recessão econômica.

O cerimonial durante a posse de Lula

Por volta das 14h30, começou o desfile em carro aberto para a posse de Lula ao terceiro mandato à frente da Presidência. No automóvel modelo Rolls-Royce, estava Geraldo Alckmin (vice-presidente), além das mulheres dos dois políticos.

No trajeto, o carro foi escoltado por cerca de 20 policiais federais, que fizeram o percurso a pé. A população assistiu atrás das barreiras de segurança.

A dupla subiu a rampa do Congresso em companhia dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Além disso, apoiadores como Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e chefes de Estado de outros países, como o presidente argentino Alberto Fernández, o aguardavam no Plenário. Antes da execução do hino nacional, os presentes fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Pelé e ao papa Bento XVI, que morreram na última semana de 2022.

“Declaro aberta a sessão solene do Congresso Nacional destinada a receber o compromisso constitucional e dar posse ao excelentíssimo senhor presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao excelentíssimo senhor vice-presidente da República, Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho”, disse Pacheco abrindo os trabalhos.

O deputado Luciano Bivar (União Brasil-PE), 1º secretário da Câmara, leu o termo da posse de Lula. Durante a eleição de 2018, ele presidiu o extinto PSL — partido que conduziu Bolsonaro à Presidência da República naquele ano.

Cerimônia para assinatura do termo de posse de Lula
 na presidência da República – 01/01/2023 
Foto: Reprodução/Agência Senado

A mesa para assinatura da posse também era composta por Augusto Aras, procurador-geral da República e pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Faixa presidencial

Jair Bolsonaro, ex-presidente, e seu vice, Hamilton Mourão, não participaram da cerimônia de hoje. Em razão da ausência, Lula recebeu a faixa presidencial de um grupo eleitores: cinco homens — entre eles, o Cacique Raoni, um menino e um rapaz com dificuldades de locomoção —  e duas mulheres. De acordo com os organizadores, a escolha pretendia representar a população do país.

No discurso no Parlatório, feito já com faixa presidencial, Lula chamou de golpe o impeachment que retirou Dilma e o PT do poder em 2016. Na época do processo, milhões de brasileiros foram às ruas exigir a cassação do mandato da petista.

Apesar de falar em “governar para todos”, Lula voltou a criticar o governo anterior. Ele ainda se referiu à parte dos apoiadores do ex-presidente de “minoria radical e antidemocrática”.

Por fim, Lula recebeu os cumprimentos de chefes de Estado de outros países. Na lista, Gabriel Boric (Chile), Alberto Fernández (Argentina) e Dina Boluarte (Peru). Os três são membros de partidos vinculados ao Foro de São Paulo, a maior organização de esquerda da América Latina.

Redação Oeste

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