Último embate na TV antes das eleições foi marcado por falas sobre corrupção, fome e desmatamento
O terceiro e último debate dos candidatos à Presidência da República foi marcado por acusações, discussões acaloradas, ofensas e inúmeros pedidos de direito de resposta. Novamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das intenções de votos, foi o principal alvo dos participantes, sendo mencionado em temas como corrupção, Mensalão, Petrolão e o assassinado de Celso Daniel. Apesar das críticas diretas e indiretas de todos os oponentes, o principal adversário do petista foi o presidente Jair Bolsonaro (PL), em trocas mútuas de acusações. Os ataques foram proferidos, principalmente, durante os direitos de resposta. Nos três primeiros blocos do confronto, o atual mandatário do país pediu oito vezes o tempo extra de fala, sendo atendido em quatro ocasiões, quando chamou o adversário de “mentiroso, ladrão e traidor da pátria”. “Rachadinha foram teus filhos roubando milhões de empresas. Que CPI é essa da farsa? O que achou ao meu respeito? Nada, não tem nada contra o meu governo. Tome vergonha na cara, Lula”, disse Bolsonaro, depois de ser acusado pelo petista de ter uma “quadrilha da rachadinha” e uma “rachadinha da família”. “Se comporte como presidente. Não minta, é feio presidente mentir como você mente toda hora, descaradamente”, disse o ex-presidente. Em outra ocasião, Lula afirmou estar constrangido pela quantidade de direitos de resposta (6 solicitados e 4 atendidos), mas falou em insanidades do presidente da República e prometeu acabar com sigilo de 100 anos imposto pelo chefe do Executivo. “Em 2 de outubro o povo vai te mandar para casa. (…) Quando aparecer aqui, minta menos”, concluiu.
Apesar das críticas e menções consecutivas a Lula, uma dobradinha entre Jair Bolsonaro e o candidato Padre Kelmon (PTB) impediram duelos direto entre o petista e o atual presidente no primeiro bloco de perguntas com temas livres. Com isso, o padre questionou o atual mandatário sobre a continuidade do auxílio emergencial em 2023, abrindo espaço para promessas e ataques de Bolsonaro. “No tempo do PT eram R$ 190 e os beneficiários perdiam o auxílio quando conseguiam emprego”, iniciou o presidente, sendo completado pelo sacerdote. “A polícia da esquerda que governou o país não pode nos enganar. Eles são mais do mesmo. Mentem, enganam as pessoas. (…) A esquerda quer calar a voz dos padres, da Igreja, quer denegrir aqueles que fazem o bem”, completou o Padre Kelmon, pedindo votos em “homens de direita” nas eleições. No terceiro bloco, com tema livre, Bolsonaro teve a oportunidade de fazer uma pergunta a qualquer adversário, mas declinou de embate direto contra Luiz Inácio Lula da Silva, o que levou a críticas nas redes sociais. “O Bolsonaro foge do Lula igual o Bolsonaro foge da cruz”, disse André Janones, candidato da deputado federal. Com a ordem dos candidatos – definida por sorteio – o ex-presidente não teve a oportunidade de fazer perguntas a Bolsonaro, o que exclui embate direto entre eles.
‘Padre de festa junina’ x ‘candidatura laranja’
Ainda que marcado por pedidos de respostas e cutucadas a antigos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), o debate desta quinta-feira, 29, também teve conflitos entre outros candidatos, como Soraya Thronike (União Brasil) e Padre Kelmon. A primeira discussão entre os adversários começou com a senadora questionando se o sacerdote não se arrependia de apoiar um presidente que atrasou vacinas contra a Covid-19. “Você não tem medo de vir para o inferno”, perguntou a parlamentar. Em resposta, o “candidato padre” chamou Soraya de mentirosa e disse que a candidata do União Brasil é “mais do mesmo”, sendo novamente rebatido. “Bem se vê que depois do auxílio emergencial ele arrumou emprego como cabo eleitoral do presidente Jair Bolsonaro.” Em outro momento, Soraya também chamou o adversário de “padre de festa junina”, errou duas vezes seguidas o nome do oponente e virou meme nas redes sociais, sendo um dos assuntos mais falados no país. Outro embate acalorado envolvendo Kelmon foi protagonizado pelo ex-presidente Lula, que acusou o concorrente do PTB de candidatura laranja e falou em “padre fantasiado”. “Candidato laranja não tem respeito por regras [do debate]”.