Recentemente, Chan passou uma temporada em Cannes. Com direito a tapete vermelho, um de seus trabalhos durante o Cannes Film Festival 2022. Fotos Divulgação |
Luz, câmera e ação! Foi com este sonho de criança que o videomaker Wanderson Chan saiu do interior do Estado do Rio de Janeiro e chegou em solo francês. É isso mesmo, depois de 25 anos morando em Casimiro de Abreu - RJ, Chan levou toda sua bagagem e sua arte para Paris, onde está realizando diversas produções, inclusive com importantes nomes do mundo business.
Recentemente, Chan passou uma temporada em Cannes. Com direito a tapete vermelho, um de seus trabalhos durante o Cannes Film Festival 2022 teve como protagonista a ex-BBB, Sarah Andrade, sendo produzido para uma campanha da empresa de cosméticos Felps, e outra para a de jóias, Opya. “Foram sete dias em Cannes que vão ficar para sempre na memória. Nada se compara ao que estou vivendo hoje, principalmente porque tudo isso é fruto de trabalho árduo desenvolvido durante anos”, disse Chan, que agora mora e trabalha em Paris com sua esposa, a fotógrafa Iara Machado.
Depois de Cannes, o videomaker retornou à Paris para novos projetos. Na última semana, ele também fez uma produção para campanha da Pepsi com o jovem influenciador Iran Ferreira, mais conhecido como “Luva de Pedreiro”, que sonhava em se tornar uma estrela do futebol e ganhou fama nas redes sociais no mundo todo com seus vídeos de cobranças de falta.
De acordo com Chan, o desejo de trabalhar em Paris é antigo, porém sua esposa não gostava muito da ideia. Mas, seguiram em frente, e hoje, os dois têm uma produtora focada em atender demandas audiovisuais não só da França, mas também de toda a Europa. “A In2 Art só existe, graças a amiga e sócia Amandine Louette, que acreditou no nosso potencial. O medo do novo é normal, temos muitas questões e decisões a serem tomadas. Mas, trabalhar e morar em Paris é incrível, pois as oportunidades surgem a todo momento”, destacou Chan, que é produtor e diretor especialista em videoclipes, campanhas publicitárias e eleitorais.
TRAJETÓRIA – Wanderson Chan nasceu em Duque de Caxias e morou em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e aos 12 anos foi morar em Casimiro de Abreu, no interior do Rio. O videomaker já sabia o que queria para a sua vida desde criança. O que não o fez desistir foi o compromisso de dar uma vida melhor para sua família, que passou por muitas dificuldades, chegando ao ponto até de pegar restos de carne em açougue para comer.
Sempre encantado com as produções de filmes, novelas e jornalismo, Chan se apaixonou por tudo relacionado ao audiovisual e a arte, apesar de ter dislexia. Após anos de trabalho como garçom e cuidador de idosos, ele comprou sua primeira câmera, uma Tekpix. Então, logo começou a fazer pequenos vídeos autorais, usando técnicas que via em filmes nos cinemas e televisão.
Daí em diante, Chan começou a produzir diversos vídeos que chamaram bastante a atenção na internet, inclusive mundialmente. Um deles foi realizado com meninos e meninas fazendo brincadeiras pelas ruas de Casimiro de Abreu, que chegou a alcançar mais de 6 milhões de visualizações. “Brincadeira de Rua” foi um vídeo com produção simples, assim como 90% dos seus trabalhos.
“Tenho inúmeros vídeos que tiveram muita visibilidade. Quando estou em um lugar onde as pessoas não conhecem meu nome, eu cito algum trabalho meu - Você pode não me conhecer, mas em algum momento da sua vida você já assistiu ou já ouviu falar de algum trabalho meu - Parece soberbo, mas é verdade!”, comentou Chan, que já teve produções exibidas no Fantástico, Globo Repórter, Programas da Ana Maria Braga e Fátima Bernardes, Canal Brasil, entre outras. Além disso, também faz produções para a Universal Music.
Segundo Chan, simplicidade, time, olhar e agilidade são suas principais habilidades, que foram adquiridas devido a quantidade de filmes que assiste e pelas dificuldades que enfrentou no passado. O trabalho com maior repercussão foi o filme “MADE IN BRAZIL”, produzido para um festival em Nova York, no qual conta a história de um morador da comunidade do Vidigal que é morto pela polícia militar. Alguns meses depois, o protagonista, conhecido como DG, foi morto pela polícia, assim como no filme.
“Meu propósito é continuar tendo a liberdade que temos e poder ajudar as pessoas que amo. Muitas das minhas produções são reflexo de coisas que vivi e hoje consigo me expressar por meio do audiovisual. Costumo dizer que os jovens da periferia estão preparados para o mundo. O que precisam é ter paciência, conhecimento, trabalho, incentivo e muito foco. Agora em Paris, eu vivo exatamente como sonhei. Sou fruto da persistência, da coragem, da rebeldia, do fracasso, da audácia, dos choros e das alegrias. O caminho não foi fácil, e ainda não continua sendo. Com certeza, tudo isso que vivo hoje daria um bom filme, porque sou roteirista, produtor e diretor da minha própria história”, completou Wanderson Chan.
Por Verônica Côrtes