Declaração do presidente foi dada durante evento no Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu nesta quarta-feira, 27, a participação de militares na apuração dos votos nas eleições deste ano e cobrou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceite as sugestões das Forças Armadas. “Todas foram técnicas. Não se fala ali em voto impresso.”
No fim de semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, ex-ministro do TSE, afirmou que as Forças Armadas estariam sendo orientadas a atacar as eleições, o que causou reação do Ministério da Defesa que disse que a fala “é irresponsável e constitui-se em ofensa grave”.
“Eles convidaram as Forças Armadas a participarem do processo eleitoral. Será que esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Bolsonaro?”, disse o presidente.
“Quando encerra eleições e os dados chegam pela internet, tem um cabo que alimenta a ‘sala secreta do TSE’. Dá para acreditar nisso? Sala secreta, onde meia dúzia de técnicos diz ‘quem ganhou foi esse’. Uma sugestão é que neste mesmo duto seja feita uma ramificação, um pouco à direita, para que tenhamos do lado um computador também das Forças Armadas para contar os votos”, disse Bolsonaro.
Em julho de 2021, o TSE disse não existir apuração em “sala secreta”. “Em verdade, a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação.”
Jeanine Añez
Bolsonaro disse que não será uma Jeanine Añez, ex-presidente interina da Bolívia presa em março de 2021 sob acusações de conspiração, sedição e terrorismo nos dias que se seguiram à renúncia de Evo Morales. O presidente disse que ela foi acusada de “atos antidemocráticos”.
“Até que a sua turma [de Evo Morales] voltou para comandar a Bolívia. Em umas eleições. A senhora Jeanine foi para casa. Ela perdeu as eleições. Alguém sabe onde está a senhora Jeanine Añez nos dias de hoje? Está presa. Já tentou suicídio mais de uma vez. Sabe do que ela foi acusada? Atos antidemocráticos. Entenderam? É o que nós vivemos no Brasil atualmente.”
Bolsonaro continuou: “Tenho certeza: eu jamais serei uma Jeanine. Jamais. Porque, primeiro, eu acredito em Deus e, depois, eu acredito em cada um de vocês que estão aqui. A nossa liberdade não tem preço. Digo mais, como sempre tenho dito: ela é mais importante que a nossa própria vida”.
Ataques
O chefe do Executivo federal disse ser a pessoa mais atacada e caluniada do Brasil, mas afirmou que isso faz parte da liberdade de expressão. “Democracia e liberdade você tem ou não tem”, declarou, em evento com parlamentares no Palácio do Planalto.
Bolsonaro disse também que a liberdade não tem preço e é “mais importante do que a própria vida”. O chefe do Executivo federal classificou governadores e prefeitos que tomaram medidas restritivas durante a pandemia de “protótipo de ditadores”.
“Eu duvido que eu não seja a pessoa mais atacada, mas caluniada há anos. Isso é liberdade. E se eu me sentir ofendido ou vou a Justiça requerer o que? Danos morais, jamais prisão”, declarou.
O evento foi em apoio ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo por ataques a ministros da Corte, e à decisão de Bolsonaro de conceder graça ao parlamentar. O presidente disse que recebeu alertas de que poderia ter “problemas com o Supremo”. “Não posso acreditar em retaliações.”
“Temos um primo do outro lado da rua que tem que ser respeitado também, mas todo mundo que ser ser respeitado tem que respeitar em primeiro lugar. E nós não abrimos mão disso. Um parlamentar aqui falou que o decreto vai ser cumprido o que eu tenho falado é o seguinte: o decreto é constitucional e será cumprido”, declarou.