Atos também ocorreram em Ribeirão Preto, uma das principais cidades do agro no Brasil. Foto: Divulgação/Sindicato Rural de Ribeirão Preto |
Pecuaristas dizem que podem repetir o protesto na Avenida Paulista
Milhares de espetos de carne foram distribuídos por pecuaristas de todo o país em frente a agências do Bradesco no dia 3. O evento recebeu o nome de ‘Segunda-Feira com Carne’.
Os atos foram organizados em vários municípios brasileiros e ocorreram em resposta a uma peça publicitária do Bradesco que propunha a “segunda-feira sem carne”. O informe do banco atrelava o consumo da proteína à emissão de gases do efeito estufa.
Na cidade de Ribeirão Preto (SP), um dos principais centros do agronegócio brasileiro, o Sindicato Rural distribuiu milhares de espetinhos de carne em frente à uma agência do Bradesco. O mesmo aconteceu em Presidente Prudente, também no interior paulista. Houve até fila para participar da manifestação.
Fila na na ‘Segunda-Feira com Carne’ em Presidente Prudente | Foto: Divulgação |
De acordo com Paulo Leonel, diretor do Grupo Adir, uma das maiores empresas pecuaristas do país, a contagem extraoficial mostra que os churrascos em frente ao Bradesco ocorreram em pelo menos 215 cidades do Brasil.
“O produtor mostrou que começou a se defender”, disse Leonel. “Chega de ser agredido por um banco que ficou desse tamanho por causa do agro.”
Mais “Segunda-Feira com Carne”
Paulo Junqueira, presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, afirmou que, se o Bradesco não tomar atitudes concretas para defender o setor, poderá haver uma “Segunda-Feira com Carne” na Avenida Paulista, em São Paulo.
“O Banco Bradesco deve quanto antes definir o seu lado”, disse. “Se o Bradesco não tomar providências, vamos para a Avenida Paulista em São Paulo.
Na opinião de Junqueira, o banco precisa “tomar atitudes concretas, não a conta-gotas”. Ele disse que é preciso “falar a verdade” em todo o Brasil sobre “o que representa o agro para nós e para o mundo”.
Cancelamento de contas bancárias
Além de fazerem a “Segunda-Feira com Carne”, Junqueira disse a Oeste que os associados do sindicato em Ribeirão Preto começaram a encerrar suas contas no Bradesco.
Um deles é Leonel. O diretor do Grupo Adir enviou um comunicado aos fornecedores solicitando que os boletos não sejam mais emitidos em contas do Bradesco.
A empresa dirigida por Leonel foi fundada em 1958 e detém 3% de participação do mercado de genética bovina da raça nelore no país. Ela atua da produção de sêmen ao abate animal. Cerca de 8 mil cabeças de gado estão em seus pastos.
“O cancelamento das contas tem se propagado muito no meio”, disse o empresário. “O produtor rural começou a entender que, se ele não defender o que é dele, será massacrado.”