Mãe de bebê deixado morto na UPA de Costa Barros diz sofrer ameaças: 'Deixem eu viver meu luto'

Homem deixa corpo de criança na porta da UPA
 Costa Barros. Reprodução/ Google Maps

Marcele Rodrigues, 24, contou que boatos a ligam ao caso e que ela saberia das agressões; mulher vai registrar um boletim de ocorrência nos próximos dias

Rio - A mãe do bebê deixado morto na UPA de Costa Barros, na Zona Norte, há cinco dias, desmentiu a informação de que tinha uma relação com o suspeito de violentar o menino de dois anos até a morte e que sabia das agressões sofridas pela criança. Bastante abalada e há cinco dias fazendo uso de remédios para dormir, a doméstica Marcele Rodrigues, 24, disse viver dias de terror, pois além de ter que lidar com o luto pela morte do filho, disse também estar sendo envolvida em notícias falsas que circulam no bairro de Costa Barros.

"Estão falando que eu tinha envolvimento com esse monstro, mas eu só soube da morte do meu filho quando cheguei na UPA. Todos que estavam na unidade viram como eu fiquei desesperada e sem chão. Acontece que quando ele deixou meu filho lá, ele disse que quem tinha feito isso era a mãe, no caso eu, mas eu estava em Japeri quando me ligaram falando do estado do meu filho, e fui pra lá correndo. É muito injusto tudo o que estão fazendo comigo, não estão respeitando o meu luto, a minha dor. Eu acabei de enterrar meu filho e as pessoas só sabem falar mentiras, me julgar por algo que eu não fiz", desabafa a mãe.

Ainda segundo ela, o resultado da necropsia apontou marcas de mãos masculinas por todo o corpo da criança. No entanto, Marcele não teve acesso a maiores informações do caso, que corre em sigilo, e agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) ainda analisam o exame.

A mulher reforçou ainda que não suspeitava que o marido da tia do pai da criança violentava o bebê. "Eu convivi com eles por cinco anos, eu morava no mesmo quintal que a tia e esse homem. Ele sempre brincou com meu filho na minha frente. Eles gostavam do meu filho, foi por isso que quando ela [a tia] pediu para deixar meu filho passar um tempo na casa dela, em Costa Barros, eu deixei", lembra a mãe.

A responsável pela criança, que iria fazer três anos em fevereiro, pretende abrir um boletim de ocorrência para denunciar as notícias falsas nas redes sociais envolvendo o nome dela. "Eu ainda não fiz porque estou sem forças para nada. Eu vivo dopada e não posso ficar sozinha. Assim que eu conseguir, vou denunciar essas "fake news" que estão falando de mim na internet. Não vai ficar assim".

A doméstica também falou sobre a reação do pai da criança quando soube do ocorrido. "A família dele toda ficou em choque e estão bem abalados também. Eu não estou muito em contato com ele, pois como já falei, me isolei de tudo. Só saí para prestar depoimento na delegacia na quarta-feira".

Marcele diz que sente medo de sair de casa e sofrer represálias de pessoas que estão acreditando na versão que circula nas redes. Ela tem outros dois filhos, um de 6 anos e outro de 5, que estão com a mãe e o pai, respectivamente.

Procurada neste domingo, a DHC informou que a investigação segue em sigilo.

Thalita Queiroz/O Dia

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