O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera em forte queda nesta segunda (2), primeiro pregão do ano. Com alguns mercados internacionais fechados, investidores brasileiros reagem às medidas econômicas do novo governo, principalmente sobre a continuidade da desoneração dos combustíveis.
Às 16h08, o Ibovespa caía 3,29%, a 106.125 pontos. Veja mais cotações. No mesmo horário, as ações da Petrobras tombavam mais de 6%: PETR4 com queda de 6,12% e PETR3, 6,78%
O índice encerrou 2022 com alta de 4,69%, próximo dos 110 mil pontos. O ano foi marcado pelas eleições presidenciais no Brasil e pela Guerra na Ucrânia no cenário internacional.
Bolsa em 2022
O Ibovespa atingiu a máxima do ano em 1º de abril, aos 121.570 pontos. A mínima foi em 14 de julho, quando chegou à marca dos 96.121 pontos.
Em 2022, o índice recuperou parte do tombo registrado em 2021, quando recuou 11,93% e encerrou o ano a 104.822 pontos. Apesar da alta, o resultado deste ano ficou distante do registrado em 2020, quando teve ganho de 2,92% e encerrou a 119.017 pontos.
Levantamento feito pelo TradeMap indica que a alta na taxa de juros, a Selic – atualmente na casa dos 13,75% ao ano – impactou diretamente na rentabilidade do Ibovespa em 2022, já que muitos investidores migraram recursos para ativos de renda fixa.
Um exemplo é a famosa caderneta de poupança, modalidade preferida pelos brasileiros, que atingiu um retorno nominal de 7,9% no acumulado de 2022 – patamar mais alto desde 2016.
O ano foi marcado pelas eleições presidenciais no Brasil e pela Guerra na Ucrânia no cenário internacional.
A invasão de Kiev pelos russos, que teve início em fevereiro, gerou uma série de impactos na economia mundial – com destaque para o agravamento da inflação – e mexeu com os ânimos dos investidores.
Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, destaca os impactos do aperto monetário nos mercados internacionais, em especial nos Estados Unidos, na tentativa de conter a alta dos preços e do aumento dos casos de Covid-19 na China em 2022.
O que está mexendo com os mercados?
O ano começa com importantes medidas econômicas anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo publicou nesta segunda-feira (2) a medida provisória que prorroga a desoneração dos impostos federais que incidem sobre os combustíveis.
Pelo texto da MP, ficam reduzidas a zero as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins que incidem sobre diesel, biodiesel, gás natural e gás de cozinha (até 31 de dezembro) e gasolina, álcool, querosene de aviação e gás natural veicular (até 28 de fevereiro).
Na avaliação da agência Bloomberg, a MP é um dos fatores vistos com cautela por investidores, uma vez que, nos últimos pregões de 2022, os ativos locais tinham reagido bem à perspectiva de que as isenções acabariam na virada do ano.
Embora a continuidade da desoneração possa ter um impacto positivo na inflação, os agentes econômicos veem os danos fiscais causados por ela como mais graves. Durante o discurso de posse, Lula disse que revogaria o teto de gastos. Investidores aguardam, agora, definições sobre a nova regra fiscal.
O presidente também assinou a MP que estabelece o pagamento de R$ 600 no Bolsa Família. O novo salário mínimo, anunciado pelo presidente, ainda não foi publicado.
Além disso, um despacho em que Lula determina que ministros adotem providências para revogar atos que dão andamento à privatização de uma série de estatais, como Petrobras, Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) e Correios.
Também nesta manhã, economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação do ano passado de 5,64% para 5,62%. Foi a quarta queda consecutiva do indicador. A informação está no relatório "Focus", divulgado nesta segunda-feira (2) pelo Banco Central, que ouviu mais de 100 instituições financeiras na semana passada.
O cenário local deve ser o principal fator de influência sobre o mercado brasileiro, uma vez que os mercados estão fechados em países como Estados Unidos e Reino Unido nesta segunda.